Sal: Vilão ou Não? O Papel do Sódio na Alimentação e na Relação com o Comportamento

 

Sal: Vilão ou Não? 

O Papel do Sódio na Alimentação e na Relação com o Comportamento

    Durante anos, o sal foi apontado como um dos principais vilões da alimentação, especialmente por seu impacto na pressão arterial e nas doenças cardiovasculares. Mas, será que ele é realmente o inimigo número um da saúde? Neste artigo, vamos explorar o papel do sódio no organismo, seus efeitos quando consumido em excesso e também os riscos da sua restrição exagerada. Além disso, abordaremos como o consumo de sal está relacionado ao comportamento alimentar e emocional.

O que é o sódio e qual a sua função no corpo?

O sódio é um mineral essencial que participa de diversas funções vitais:

  • Regula o equilíbrio de fluidos no organismo;

  • Auxilia na transmissão de impulsos nervosos;

  • Atua na contração muscular;

  • Participa da manutenção da pressão arterial.

Portanto, o sódio é fundamental para a saúde, desde que consumido em quantidades adequadas.

Quando o sal pode ser um problema?

O problema não é o sal de cozinha em si, mas sim o consumo excessivo de sódio, principalmente por meio de alimentos ultraprocessados, como:

  • Embutidos (presunto, salame, salsicha);

  • Produtos industrializados (macarrão instantâneo, temperos prontos, sopas em pó);

  • Snacks salgados e conservas.

A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de até 5g de sal por dia (cerca de 2g de sódio). No entanto, a média de consumo da população brasileira ultrapassa esse valor com folga.

O consumo crônico de sódio em excesso está associado a:

  • Aumento da pressão arterial;

  • Maior risco de doenças cardiovasculares e AVC;

  • Retenção de líquidos;

  • Sobrecarregamento dos rins.

A relação entre o consumo de sal e o comportamento alimentar

Estudos indicam que o consumo elevado de alimentos ricos em sódio está frequentemente associado a padrões de alimentação compulsivos e a uma relação emocional com a comida. Isso acontece porque:

  • Alimentos salgados estão entre os mais palatáveis, ativando o sistema de recompensa do cérebro;

  • O consumo excessivo pode estar relacionado ao estresse, à ansiedade ou à busca por conforto emocional;

  • A sensação de prazer momentâneo gerada pelo sal pode reforçar comportamentos alimentares impulsivos.

Compreender o papel do sal na nossa relação com a comida também envolve observar aspectos psicológicos. Situações de estresse, tristeza ou frustração podem aumentar a vontade por alimentos salgados, o que pode dificultar a manutenção de uma dieta equilibrada.

E quando o consumo de sal é muito baixo?

A redução drástica do consumo de sódio também pode causar problemas, como:

  • Tontura e fraqueza;

  • Cãibras musculares;

  • Queda da pressão arterial;

  • Desequilíbrio eletrolítico;

  • Alterações de humor.

Portanto, a moderação é essencial. O foco deve estar em reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados e manter uma dieta baseada em alimentos in natura e minimamente processados, temperando de forma equilibrada.

Como usar o sal de forma inteligente na alimentação?

  • Prefira sal com menor teor de sódio, como o sal light (com orientação profissional);

  • Use ervas frescas e especiarias (como alho, cebola, pimenta, orégano, alecrim e manjericão) para realçar o sabor dos alimentos sem precisar de tanto sal;

  • Evite adicionar sal automaticamente aos pratos sem antes experimentar;

  • Leia os rótulos dos produtos industrializados e escolha os com menor teor de sódio.

  • Observe seus gatilhos emocionais que podem influenciar o desejo por alimentos salgados.


    O sal não precisa ser eliminado da dieta, mas deve ser consumido com consciência. O problema está no excesso de sódio presente nos alimentos industrializados e no uso exagerado de temperos prontos. Além disso, é importante observar como o sal está relacionado ao nosso comportamento alimentar e emocional. Uma alimentação equilibrada, rica em alimentos naturais, acompanhada de estratégias de autocuidado e percepção emocional, contribui para a saúde física e mental.


Referências:

  • Organização Mundial da Saúde. Guideline: Sodium intake for adults and children. WHO, 2012.

  • Mozaffarian, D., et al. (2014). Global sodium consumption and death from cardiovascular causes. New England Journal of Medicine, 371(7), 624-634.

  • Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Familiares, 2017-2018.

  • Drewnowski, A., & Almiron-Roig, E. (2010). Human perceptions and preferences for fat-rich foods. In Montmayeur J.P., le Coutre J. (Eds), Fat Detection. CRC Press/Taylor & Francis.

Ana Rossi                    Gabriela Afonso Taborda
Nutricionista                Psicóloga
CRN 02/11314            CRP 07/272881

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